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O olhar de Deus sobre a terra

“Do seu santuário nas alturas o Senhor olhou; dos céus observou a terra, para ouvir os gemidos dos prisioneiros e libertar os condenados à morte.” (Salmos 102.19-20)


No conhecido poema Ode an die Freude [Ode à alegria], escrito por Friedrich Schiller, consta: “Sobre a abóboda estrelada deve morar um bom Pai”. É isso o que muitas pessoas pensam. Elas dizem: “Deus é um deus distante, que fica em algum lugar lá longe, no céu”. É o que também pensam os filósofos do existencialismo francês. Eles afirmavam Deus provavelmente criou o mundo, mas, então, o abandonou e se recolheu ao descanso. Deus como “aposentado”!

O que, no entanto, nos diz a Bíblia? O Senhor “dos céus observou a terra”. Deus está entronizado no céu e a terra é o estrado dos seus pés, mas ele olha para a terra. Ele nos vê, em todo o lugar, a qualquer hora; ainda mais: ele está presente entre nós por meio do seu Espírito Santo.

Agora poderia aparecer a figura do “grande vigia”, do “Deus tirano” que observa a todos e nos tira a preciosa liberdade. No entanto, como é que Deus olha para a terra? À luz da sua graça! Esta ilumina os cantinhos mais escondidos da nossa vida. Ela ilumina tanto que segue o rastro dos prisioneiros e vence as trevas da morte. “A luz brilha nas trevas...” (João 1.5).

Antes de tudo, Deus vê os prisioneiros, os miseráveis, os aflitos e os oprimidos – os filhos da morte. Ao mesmo tempo, no entanto, ele vê os malfeitores, os ímpios e os rebeldes. Seu olhar pode ser amoroso, curador, providencial, mas também censurador e castigador. Finalmente, Deus deseja nossa salvação. A questão é se vamos aceitá-la.

Como é que Deus olha para a terra? À luz da sua graça!

“Prisioneiros” – esse termo do salmo 102 não se refere a criminosos, mas aos israelitas cativos no exílio babilônico. Longes de Sião, longes do templo, eles estavam como condenados à morte. Somente Deus pode salvar de tais problemas. Nós, porém, também somos prisioneiros. Deus também pode nos salvar da prisão de nossa culpa, de nossa separação de Deus, de nossos desejos, nosso egoísmo. A condição para tanto é a insistente e sincera oração a Deus.

A Bíblia mostra exemplos de tais orações e seu atendimento: o povo de Israel clamou pelo retorno do exílio e pela restauração do templo – ambos aconteceram. O apóstolo Pedro estava preso, e a igreja orava sem cessar por sua libertação – ele foi liberto de modo maravilhoso (Atos 12.1-19). Todo o saltério é composto de orações e conclamações para louvar a Deus.

A oração é o contato adequado, o “telefone vermelho”[1] para falar com Deus, o qual tudo observa do céu. Quando oramos, subitamente não estamos mais oprimidos pelo sentimento de sermos apenas marionetes na mão de um onisciente “Pai universal”, vivendo sem liberdade. Não, nós penetramos numa relação de confiança com Deus. O deus distante, que reina acima das estrelas, torna-se “tu” no Pai acessível, próximo a nós. Não precisamos mais temer o olhar dele. Pelo contrário, agora somos gratos por ele não nos abandonar indefesos, mas nos tomar pela mão para nos exortar e corrigir, conduzindo e protegendo-nos como filhos dele. Nós reconhecemos o Deus que acreditávamos estar longe como o Deus do amor, que se revelou em Jesus Cristo. Oremos:

Agradeço, Deus onipotente, porque sabes tudo. Agradeço que me vigias e me proteges. Por favor, guia-me neste dia de modo que meu agir e minha vida sejam do teu agrado e que o inimigo não tenha poder sobre mim. Amém!


Nota

  1. A expressão “telefone vermelho” é utilizada para descrever a linha de comunicação direta implementada entre os Estados Unidos e a então União Soviética, a partir de 1963, para acelerar o diálogo entre as duas nações em momentos de grande tensão. Ela existe até hoje.

Lothar Gassmann

 

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