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Abrigado em seus braços

Quando, a exemplo de uma criança, nos sentirmos amparados nos braços de nosso Senhor Jesus, então nossas próprias convicções e desejos perdem o seu valor.


E, tomando uma criança, colocou-a no meio deles” (Marcos 9.36).

Que mundo terrível é esse! Apenas notícias horrorosas. O pavor não tem fim. Amor, pureza, vergonha, justiça, compaixão, verdade, humanidade foram sacrificados no altar do egoísmo e do desejo de poder. As pessoas ficam esperneando como se estivessem numa “roda de hamster”, tentando alcançar o número da sorte na loteria. A mentira impera. O mundo se tornou um manicômio. Pensando nisso, dá vontade de tomar uma ducha para lavar essa sujeira. Fugir para os braços do Senhor Jesus. Não ouvir nem ver mais nada desse mundo totalmente maluco!

Há pouco o Senhor Jesus havia falado a respeito da sua futura via crucis, mas os seus discípulos estavam ocupados com ideias totalmente diferentes. Talvez já estivessem repartindo as funções no futuro reino do seu Messias? A ideia era governar, e não servir. Esse era o motivo das rivalidades secretas. Por isso a inveja escondida arranhava as paredes de suas almas. Eles se comparavam entre si e determinavam quem seria o maior deles. Já que esse tema não poderia ser tratado na presença do Senhor Jesus, eles se afastaram para não serem ouvidos. É o que achavam! O Senhor Jesus, porém, sabia os seus pensamentos.

Na verdade, agora ele deveria sacudi-los. É o que nós pensamos! Mas não houve nenhuma repreensão pública. O Senhor Jesus os conduziu a uma casa e, após olhar ao redor, carinhosamente tomou uma criança em seus braços. Seguiu-se então um maravilhoso sermão, onde ele disse: “Quem recebe uma destas crianças em meu nome, está me recebendo” (Marcos 9.37). Num instante as raízes de seus pensamentos estavam à vista. Silêncio constrangedor. O EU espesso, entumecido e feio estava diante dos seus olhos.

Infelizmente nós, cristãos, muitas vezes ficamos esperneando na “roda de hamster” do Diabo e ficamos presos nos raios do egoísmo, da inveja e intriga, orgulho e crueldade. Não é de admirar que irmandades fracassam, comunidades se dividem, abençoadas obras missionárias acabam, e que em muitos casamentos e famílias reina a guerra. O Senhor Jesus, no entanto, lhes demonstrou o exemplo: “... sou manso e humilde de coração...” (Mateus 11.29).

Não, de modo algum os discípulos eram “altas dignidades”, que andavam piedosa e comedidamente e com as mãos unidas após o seu Rabi. Eram sujeitos decididos que se atritavam entre si e emitiam vigorosamente suas opiniões. Como admiro esse infinito amor e longanimidade de nosso Senhor! Nós esquecemos constantemente que nosso valor consiste unicamente naquilo que somos “em Cristo”.

Que divina valorização recebemos: salvos! Libertos para servir! Amados por Deus! Candidatos à herança celestial! Participantes da glória divina! Seremos iguais a ele! O veremos assim como ele é! Que promessas incrivelmente maravilhosas!

Na verdade, deveríamos nos envergonhar juntamente com os discípulos, pois o Diabo consegue constantemente desviar o nosso olhar sobre nós mesmos. Sutilmente o inimigo faz de tudo para obscurecer a Jesus em nossa vida. Tenta transformar a luz em nosso coração em uma miserável lamparina. Usa de qualquer meio para alcançar seu alvo. Não é de admirar se então a alegria e a paz do coração desaparecem e o Pai celestial espera em vão pelo louvor, gratidão e adoração. Somente ao olharmos para a sua glória nosso pensar se renova e nossa alma fica curada.

Por isso o Senhor Jesus coloca uma criança entre os discípulos. Com esse gesto ele quer nos dizer que na diminuição está garantida a exaltação; na humilhação, a graça; ao se curvar, a edificação; na renúncia, a dignidade; na confiança pueril, a bênção e a vitória; no perdão, a cura do coração. Observe os grandes heróis da fé que, mediante sua confiança sincera, alcançavam diretamente o coração de Deus.

Abraão, que é chamado amigo de Deus, não duvidou da imensidão do firmamento e não se pôs a contar as estrelas, mas creu em Deus.

José foi tão indizivelmente abençoado e dotado de sabedoria divina porque ele permaneceu fiel ao seu Deus e não caiu mediante o toque sutil do pecado.

Daniel era o “muito amado” por Deus e abençoado com o espírito de sabedoria e conhecimento divino porque, em todas as situações, ele buscava fielmente a face de Deus em oração.

Que divina valorização recebemos: salvos! Libertos para servir! Amados por Deus!

Davi era o homem segundo o coração de Deus porque, diante de fraqueza, pecado e desobediência, ele se humilhava profundamente. Porque ele, apesar de tudo, não visava a própria glória, mas unicamente a glória de Deus.

Quando, a exemplo daquela criança, nos sentirmos amparados nos braços de nosso Senhor Jesus, então nossas próprias convicções e desejos perdem o seu valor. Então veremos somente a ele, que é manso e humilde de coração.

Como isso nos faz descansar! — Manfred Paul

 

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